Durante o intervalo da partida entre Moçambique e Senegal, o assistente do seleccionador nacional, Eduardo Jumisse, foi visto a dar instruções aos atletas dos Mambas no túnel de acesso ao relvado do Zimpeto. A FMF já abriu um inquérito para apurar o sucedido.

Texto: David Nhassengo

Os acontecimentos apontam para 28 de Março último, durante o confronto disputado no Estádio Nacional do Zimpeto entre os Mambas e os Leões de Teranga, pontuável para a quarta jornada da fase de grupos de apuramento ao CAN2024.

Durante o intervalo, o assistente do seleccionador nacional – este que curiosamente cumpre uma suspensão preventiva dessas funções desde 03 de Fevereiro – foi visto a orientar os Mambas no túnel de acesso ao relvado, tendo-o feito de forma insistente ao médio Shaquille – até à zona de entrada do relvado e diante do vulgo.

Naquele dia, Jumisse não só esteve vestido a rigor como mais um membro da equipa técnica da selecção nacional como também apresentou-se com um crachá emitido pela Federação Moçambicana de Futebol (FMF), daqueles especiais que o autorizaram a pisar todas as áreas daquele recinto desportivo: até sentou-se na zona VIP com os outros quadros directivos, administrativos e até técnicos da federação, para além de representantes da Secretaria de Estado do Desporto.

Falando esta terça-feira, 18 de Abril, na tradicional conferência de imprensa trimestral, o presidente da FMF, Faizal Sidat, confirmou o sucedido, revelando que também ficou bastante surpreendido com o que viu.

Sidat avançou que a instituição que dirige já até abriu um inquérito para descobrir o funcionário que terá credenciado o assistente do seleccionador para o referido jogo, sabido que o mesmo cumpre uma suspensão preventiva.

“Supreendentemente vi o crachá com Jumisse, ao que estamos diante de mais um episódio dentro da instituição. Mas já abrimos um inquérito para apurar e penalizar quem cedeu o crachá, na medida em que tal pessoa não se pode sobrepor às decisões e orientações da direcção executiva da federação”, revelou o dirigente, adiantando que o caso será entregue ao Conselho de Disciplina da Casa do Futebol.

“Nós, como Direcção Executiva, vamos preparar o dossier e entregar o Conselho de Disciplina para trabalhar sobre o assunto, pois se o Jumisse estava suspenso, com que base ele recebeu o crachá? De certeza que isso não foi decisão nem do presidente, nem da Direcção Executiva. Que fique claro que já abrimos um inquérito para apurar o sucedido e já chamámos vários intervenientes dentro da selecção para apurarmos quem lhe cedeu o crachá que o permitiu circular livremente em várias áreas do estádio”, rematou Sidat.

Scouting? Sim, mas Jumisse não!

Num outro desenvolvimento, Feizal Sidat foi confrontado com as exigências de Chiquinho Conde para enquadrar, na sua equipa técnica, um scout, responsável pela observação de atletas selecionáveis, função que foi recentemente exercício por Eduardo Jumisse.

Em resposta, o presidente confirmou que Moçambique dispõe de vários olheiros que podem ser contratados para a função nos Mambas. “Mas Jumisse não: pois ele agora está suspenso”, disse, taxativamente, Sidat, destacando um total divórcio entre a entidade que dirige e o jovem técnico.

“Primeiro ele nem é funcionário da federação. Segundo está suspenso dentro desta instituição, até que se prove em contrário” as acusações que pesam sobre si, relacionadas com a greve dos Mambas havida na Argélia no contexto da participação dos Mambas no CHAN.

“Pessoalmente reuni no meu gabinete de trabalho com Jumisse há três semanas. Durante duas horas tivemos uma conversa de adultos e ele conhece as razões da manutenção da suspensão e conhece a tecla que tem de tocar para atenuar ou resolver definitivamente o caso. Como presidente transmiti-lhe que estou aberto para resolver o problema. Mas neste momento ele está suspenso”, narrou Faizal Sidat, que, se recorde, falava esta terça-feira (18) durante a conferência de imprensa trimestral. [OC]

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