Os Mambas precisavam de esticar o jogo pelas laterais. Dar amplitude, buscar superioridade de modo a encontrar, a partir das alas, Lau King ou Isac soltos na área do rigor. Posto isto, 55 minutos depois Conde fez entrar Melque que não só compreendeu como também cumpriu este papel com religiosidade: marcou e fez uma assistência em dois lances magistrais que pareceram expelidos de uma máquina fotocopiadora.

Texto: David Nhassengo

Aos 74 Melque cumpriu fielmente com o papel que lhe foi passado por Chiquinho Conde. Encostado à esquerda, dominou um passe aéreo de Dário, flectiu de seguida para o centro numa passada que tirou Muayid do caminho e, já com espaço – diante da aproximação de Rezk – disparou rasteiro para o empate. De fora da grande área, sublinhe-se, sem que Muad Allafi se desse conta.

Quando os Mambas já venciam por 2-1 – depois da reviravolta assinada por Nené, de cabeça, no minuto 80 – o extremo [que também faz a ponta de lança] voltou novamente à cena.

Uma vez mais a bola foi lançada para a asa esquerda do ataque. O “Touro” ganhou terreno, velocidade e no primeiro toque cruzou rasteiro para a zona central de onde apareceu Lau King a fazer o desvio. Desvio para esse 3-1 que matava por completo a esperança dos líbios, que ainda assim reduziram a desvantagem a dois minutos do apito final.

Por ter compreendido e cumprido perfeitamente o seu papel em campo, em tão apenas 40 minutos, mas acima de tudo por ter sido um personagem principal da primeira e histórica vitória dos Mambas nas fases finais de um Campeonato Africano das Nações, Melque foi eleito MVP desta partida.

Para nós, já é o MVP dos Mambas neste CHAN2022 – aconteça o que acontecer. [OC]