O Fundo de Promoção Desportiva (FPD), entidade orgânica da Secretaria de Estado do Desporto (SED), continuará a gerir o Estádio Nacional do Zimpeto (ENZ). A sua privatização não está, no entanto, descartada. Há, a partir de já, um utilizador-pagador que não escolhe a cara!

Texto: David Nhassengo

O anúncio foi feito pelo secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, em conferência de imprensa havida esta sexta-feira, 08 de Julho, na qual anunciou a aprovação temporária do Estádio Nacional do Zimpeto pela Confederação Africana de Futebol (CAF).

De acordo com Mendes, o FPD continuará a gerir o estádio nacional enquanto não se encerra o dossier da sua concessão a privados, com a preferência a recair nos sul-africanos do Stadium Managament SA, que são até aqui os únicos que desesperam por cuidar do ENZ.

De acordo com Mendes, “há contactos muito avançados com entidades que fazem a gestão de estádios, um dos quais a Stadium Management SA, que como se sabe gere quatro estádios na África do Sul, em Joanesburgo, nomeadamente o FNB Stadium, o Orlando Stadium, Rand Stadium e o Dobsonville”.

No entanto, o que ainda coloca a SED em paredes-meias com aquela empresa sul-africana é a modalidade de rentabilização do recinto, visto que em cima da mesa foram colocados dois cenários.

O primeiro, da terceirização da gestão, na qual o estádio passaria às mãos da Stadium Management SA, empresa que por um lado pagaria ao FPD pela concessão e, por outro, cobraria aos utentes pela realização de eventos naquele recinto, promovendo outros.

O segundo cenário em reflexão, conforme explicou Gilberto Mendes, é o que colocaria o estádio na rota de grandes eventos desportivos e culturais organizados por aquela empresa sul-africana. Neste contexto, a gestão continuaria com o FPD, “mas Moçambique passaria a colher todos os grandes eventos realizados na África do Sul” como, por exemplos, os grandes festivais musicais…

“O mais importante é que haverá sempre uma forma de encaixar dinheiro para se reinvestir na infraestrutura. Mas está tudo em aberto”, sinalizou, adiante, Carlos Gilberto Mendes.

Utilizador-Pagador: o novo conceito para a sustentabilidade do ENZ

Enquanto das chaminés do Zimpeto não se vislumbra nenhum fumo branco em relação à chegada de gestores sul-africanos, o FPD anunciou esta sexta-feira (08) novas regras para a utilização daquele recinto. Em linhas gerais deixa de ser para para qualquer um, passando a ser para quem pode.

E explica-se. “Havia uma gestão democrática, o que acabou sendo prejudicial para a longevidade do próprio estádio. Era utilizado por toda a gente. Quem quisesse jogava, mediante requerimento”. Tudo isso passa a ser objecto do passado, tal como anunciou Gilberto Mendes.

“Doravante a utilização do estádio passa a respeitar a modalidade utilizador-pagador por forma a que possamos conseguir mantê-lo e fazer um investimento regular (…) para que a infraestrutura não possa cair”, disse e repetiu, para que as dúvidas não saíssem daquela sala: “a partir de agora pretendemos gerir de forma empresarial e mais acertiva o ENZ, que é um bem de todos os moçambicanos”.

A ideia da SED, com esta nova medida, é que quem for a utilizar aquele recinto desportivo possa assim contribuir para a sua manutenção. E a medida abrangerá a todos os interessados, incluindo clubes desportivos e a própria selecção nacional de futebol. Todos pagarão ao FPD para se fazerem ao ENZ.

“Paralemente a isso haverá uma carga de responsabilidade no sentido de que quem utilizar o estádio deverá devolver o recinto tal como o encontrou. Se algo for danificado durante o evento caberá ao organizador proceder com a respectiva reposição. Será introduzida uma caução. Um depósito prévio para essas eventualidades”, anunciou Gilberto Mendes, que falava em conferência de imprensa na tarde desta sexta-feira, 08 de Jumho. [DNhassengo]