Desportivo de Maputo alcança estado geral de ingovernabilidade: João Figueiredo demitiu-se do cargo de presidente da Mesa da Assembleia-Geral e a Direcção Executiva, essa liderada por Paulo Ratilal, reúne hoje para se decidir.
Texto: David Nhassengo
O gestor bancário decidiu demitir-se na sequência do novo chumbo dos relatórios de contas dos exercícios económicos de 2019, 2020 e 2021, apresentados sábado último, 18 de Junho, pela direcção, em Assembleia-Geral Extraordinária.
Os referidos documentos foram objecto de primeira reprovação na reunião magna havida a 07 de Maio último, esta que na verdade deveria ter ocorrido a 02 de Abril – mas que acabou adiada por falta de tonner na impressora que deveria multiplicar a documentação a ser discutida.

Naquele dia – de 07 de Maio – os sócios reprovaram a documentação e exigiram a sua correção, sem no entanto detalharem os pontos. “Corrijam e voltem”, apenas recomendaram, para a fúria da direcção presidida por Paulo Ratilal que entendia ter apresentado as mais fiéis demonstrações financeiras dos respectivos exercícios.
Mais do que isso, o chumbo grosso significava que o clube não podia temporariamente ir ao mercado buscar financiamento para as suas actividades. Nem firmar parcerias. Seria ilegal às luz dos estatutos.
18 de Junho!
Após o chumbo, os presentes concordaram com o agendamento, para esta data, da realização de uma nova Assembleia-Geral Extraordinária na qual seriam apresentados os documentos já corrigidos.
18 de Junho. É igualmente esta, a data, que fez transbordar o já pequeno vaso de confiança de João Figueiredo. Pelos acontecimentos registados no encontro estatutário com os sócios.

É que os relatórios de conta dos três referidos anos (2019, 2020 e 2021) voltaram a ser chumbados. Desta vez com a alegação de que os mesmos não foram corrigidos tal como a recomendação.
Figueiredo viu naquele chumbo gestos preocupantes que colocavam em combustão o clima entre a direcção e os sócios. E a sua imagem, de gestor bancária, não podia continuar a servir de mediadora de uma guerra sem quartel. Demitiu-se, mas alertou, em Carta Mz que “há aves de rapina que querem vender as instalações do clube”.
Ratilal pondera demitir-se
A saída de João Figueiredo – tido como figura protectora de Paulo Ratilal – causou um movimento sísmico a nível da direcção executiva do emblema Alvinegro. E, por esse motivo, o elenco viu a continuidade do seu mandato pendurado num fio tão fino.
E, a demissão em bloco, é uma opção viva. Confessou-se Paulo Ratilal, em declarações à STV, que até hoje diz não compreender os motivos para tamanha sabotagem ao seu trabalho que, graças ao mesmo – tem alegado – tem contribuído para melhorar os indicadores económicos do clube.

“Não vou dizer que não me vou demitir, porque a vontade é mesmo essa. Lidar com aquele tipo de pessoas faz-me pensar em abandonar o cargo”, confessou-se o dirigente, explicando que uma decisão deverá ser colegial, responsável, pelo que vai a análise na reunião de direcção a ter lugar esta quarta-feira, 22 de Junho.
Sobre a saída de Figueiredo, o actual presidente do Desportivo de Maputo disse não ser surpreendente “dada a situação actual em que o clube está”. E anotou que “teria feito o mesmo se fosse o presidente da Assembleia-Geral…De tentar realizar uma assembleia e não conseguir”. [OC]
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