Tiago Matos não continuará como adjunto do selecionador nacional de futebol, Chiquinho Conde, nos Mambas. O técnico português e a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) chegaram a acordo para a rescisão de um contrato que nunca foi efectivo por falta de Visto de Trabalho.
Texto: David Nhassengo e Abiatário Rombane
A informação foi avançada por Gervásio de Jesus, vice-presidente da FMF para a área dos Estudos, Projectos, Marketing e Relações Públicas, que falava em exclusivo para o canal desportivo da Rádio Moçambique.
De acordo com o dirigente, foi o técnico português quem manifestou a intenção de terminar a ligação com a federação, na sequência de ter sido deportado para Lisboa, a 19 de Maio último, no Aeroporto Internacional de Mavalane por falta de Visto de Trabalho.
Segundo Gervásio de Jesus, por não ter um Visto de Trabalho e com a aproximação do jogo contra o Ruanda, aliado à necessidade de se ter o treinador em Moçambique, “tentou-se criar uma alternativa na qual ele poderia ficar em Moçambique por 90 dias, seja com o Visto de Turista ou com o Visto Desportivo”.
Sucede, porém, que “não houve muita colaboração da parte do selecionador nacional adjunto que, já no aeroporto, identificou-se como sendo um trabalhador afecto à federação, ao que não era portador desse Visto de Trabalho”.
Portanto, acrescentou a fonte, “criou-se um certo embaraço com as Autoridades Migratórias Nacionais e, obviamente, não tendo, não poderia entrar no País como trabalhador. Mas sim como um agente desportivo ou como um turista, que foram as alternativas que a federação encontrou na devida altura para viabilizar este processo”.

Já em Lisboa, o técnico foi convidado pelo Consulado de Moçambique para tratar do Visto de Trabalho por forma a regressar ao nosso País em segurança, ao que Tiago Matos não quis, tendo adiante manifestado vontade de não continuar no cargo de selecionador nacional adjunto, segundo referiu Gervásio de Jesus.
“O dossier está a ser trabalhado pelo Departamento Jurídico da FMF juntamente com o advogado do técnico. O mesmo deverá culminar com uma rescisão amigável do contrato”, esclareceu, sempre em depoimentos prestados ao canal desportivo da Rádio Moçambique.
A FMF irá pagar seis meses de salários ao técnico português
O vice-presidente da FMF deu a conhecer alguns detalhes da rescisão do contrato. Disse que Tiago Matos propôs, à contra-parte, por exemplo, o pagamento de seis meses do seu ordenado.
Uma exigência prontamente anuída pela Casa de Futebol, até porque se trata de uma dívida existente para com o técnico português, relacionada com os seus salários em atraso.

“Ele está a seis meses sem o seu salário, muito por força da falta de Visto de Trabalho, porque a federação não iria fazer pagamentos totais sem que houvesse um documento a dar suporte: que é exactamente o próprio contrato baseado no Visto do Trabalho”, esclareceu, admitindo que os ordenados em atraso só seriam pagos após a atribuição do Visto de Trabalho, esse que, tal como acusou, o técnico preteriu.
Ainda assim, a FMF abre espaço para que o técnico possa um dia possa ser enquadrado, na medida em que o acordo de rescisão “abriu espaço e atmosfera para que ele possa regressar, um dia, querendo”. [OC]