A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) accionou os clubes a que pertencem Mexer Sitoe, Kamo-Kamo e Witi, Bordéus da França, Vitória de Setúbal e Nacional da Madeira, respectivamente, para conhecer as reais razões que ditaram a ausência dos mesmos na equipa de todos nós na dupla jornada contra Camarões.
Texto: Redacção OC
A revelação foi feita por Feizal Sidat, presidente do organismo, que assumiu que, até aqui, não existe nenhuma informação oficial que justificasse a ausência dos referidos atletas aos trabalhos da selecção nacional.
Segundo Sidat, “já envidamos esforços junto dos clubes a que pertencem os jogadores por forma a que justifiquem estas ausências”, admitindo, adiante, que possam existir justificações plausíveis que levaram Mexer Sitoe, Kamo-Kamo e Witi a plantarem um todo País.

É que, “é verdade que enviamos as passagens aéreas, mas o que houve de seguida foram ausências”, pelo que “estamos à espera de saber o que realmente aconteceu, porque provavelmente haja alguma justificação”, insistiu o dirigente federativo.
Num outro contexto, Sidat disse que os Mambas contam com estes jogadores para compromissos futuros, pois “dão mais-valias à nossa selecção e contamos que futuramente possam dar o seu contributo à nossa selecção”.
“Esperamos que haja críticas construtivas, que se houver algum problema, gerado por uma falha da direcção da federação ou da equipa técnica, que se aproximem e, em fórum próprio, possam conversar connosco”, instou o atleta, que nesta linha elogiou a atitude de Zainadine Júnior que, mesmo lesionado, juntou-se ao estágio da selecção nacional em Maputo, no qual confirmou-se ser realmente uma baixa para o duplo compromisso dos Mambas.
Refira-se que Feizal Sidat fez estes pronunciamentos à margem da realização, esta terça-feira, 12 de Outubro, da Assembleia-Geral Ordinária da FMF, essa que teve lugar na capital do País.
Mexer fala de “joguinhos”
O internacional moçambicano Mexer Sitoe causou um movimento sísmico ao usar as redes sociais para justificar a sua ausência nos trabalhos da selecção nacional. Exigiu, através de uma publicação, respeito pela sua trajectória com a camisola dos Mambas ao peito.
Se não, é que ao menos sugere um curto texto que o mesmo lançou sexta-feira, 08 de Outubro, curiosamente no dia em que os Mambas enfrentavam Camarões em Doualá.

“Amo o meu País e a nossa selecção. O povo moçambicano não merece esse tipo de joguinhos. Boa sorte aos meus colegas. Respeitem a nossa história. Paz”, escreveu o atleta, numa publicação que de resto gerou uma onda extensa de comentários e interpretações que no fim não contrariaram o facto: o atleta decidiu não atender ao chamamento da pátria. Para uma missão de defesa da bandeira.
Por sua vez, Witi alegou lesão para não poder viajar a Doualá, porém jogou a titular na deslocação do Nacional da Madeira à casa do Sporting da Covilhã, domingo último, 10 de Outubro, a um dia do segundo desafio entre Moçambique e Camarões, já em Tânger, Marrocos.
O atleta também recorreu às redes sociais para justificar o facto de só estar lesionado para os Mambas e não para o seu clube. “Nunca abdicaria da selecção, porque sempre foi a minha paixão desde miúdo”, escreveu, para adiante deixar um apelo aos jornalistas e páginas, acrescendo que o povo moçambicano precisa da verdade.

“Porque até os dirigentes da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) sabem que passei a semana toda em Lisboa, em tratamento e numa clínica privada”, defendeu-se, desejando igualmente “boa sorte aos meus colegas”.
Já Kamo-Kamo meteu-se em um labirinto de justificações que, mais do que criar uma tempestade perfeita à semelhança da publicação de Mexer Sitoe, transformou-se em um tiro de pólvora seca.
É que, ao que se soube, o atleta do Vitória de Setúbal alegou ter perdido passaporte na noite anterior ao dia da viagem para Doualá, em um restaurante para o qual foi alegadamente para jantar.

No entanto, depois de confrontado com as notícias, fez aparecer o passaporte num vídeo que ele próprio fez questão de circular no dia do jogo contra Camarões. Nas imagens, apenas argumenta que o passaporte estava em dia, sem todavia contrariar a alegação de que o mesmo havia sumido justamente na noite anterior à viagem a Doualá.
No entanto, vendo que o argumento não compensava, o atleta gravou mais tarde um áudio para explicar que, na verdade, o que terá desaparecido foi o cartão de Residência em Portugal, alegando que se lhe foi furtado em um restaurante para o qual foi jantar. Que sem aquele documento não poderia regressar a Portugal depois de representar os Mambas.
A toda esta onda extensa de argumentos, a FMF decidiu franzir o nariz para aguardar, serena, pelo o que os respetivos clubes dirão para esclarecer as ausências. Até porque, disse Faizal Sidat, “nós não trabalhamos com as redes sociais”. [OC]