Durante a Assembleia-Geral da Liga Moçambicana de Futebol (LMF), os clubes rejeitaram a pretensão regulamentar de descida de cinco clubes e subida de três, pactada pela Federação Moçambicana (FMF) e a direcção executiva da LMF para que o Moçambola tenha 12 clubes a partir de 2022.
Por: Redacção
A descida administrativa de cinco clubes havia sido pactada semana passada entre a FMF e a LMF, na reunião havida no quarto andar do edifício da Secretaria de Estado do Desporto (SED), aquela que ficou famosa por viabilizar o Moçambola-2021.
O acordo de bons amigos pressupunha tornar o Moçambola em uma prova financeiramente viável e menos onerosa a partir de 2022. Com um orçamento sustentável e não nessa eterna competição que só existe graças à intervenção recorrente do Governo.

Aliás, o acordo a que chegaram as duas direcções executivas diante da SED foi igualmente com a intenção de aliviar a pressão financeira que a organização do Moçambola exerce sobre as deficitárias contas da LMF, que a cada ano brilham por acumular dívidas.
Quem gostaria de investir numa actividade mais barulhenta do que propriamente competitiva?
Actualmente, a entidade gestora do Campeonato Nacional de Futebol tem uma dívida acumulada de 79.5 milhões de meticais.
De acordo com as projeções pessimistas, a mesma deverá atingir o número redondo de 100 milhões de meticais até Dezembro de 2021, devido à organização da prova que arranca já a 16 de Janeiro.

As contas, essas, parecem até de cálculo simples. É que a realização da prova com 14 clubes está orçada em 89 milhões de meticais. Actualmente, a LMF dispõe de uma garantia de 61 milhões, entre dinheiro em caixa e outro por receber dos patrocinadores, das transmissões televisivas. Dos clubes.
A fórmula que faz carreira: transformar o défice em dívida!
O défice do Moçambola-2021 está orçado em 28 milhões sendo que, até ao fim da época, parte do mesmo será transformado em dívida, atendendo e considerando que – nessa análise pessimista anteriormente anunciada – será difícil para a LMF, FMF e a SED angariarem a totalidade do valor que cubra o referido saldo negativo. As três entidades comprometeram-se, no encontro havido recentemente, a angariar dinheiro para a prova.
Em 2022, a dívida da LMF pela organização do Moçambola será seguramente maior do que o orçamento para a realização da prova: 100 milhões de meticais!
E os motivos, esses, são poéticos: o futebol nacional não dispõe actualmente de uma máquina de marketing forte e capaz de angariar dinheiro para a realização de um “Moçambola tranquilo”.
As empresas solicitadas fecham-se cada vez mais ao futebol interno, ao que agora alegam os efeitos nefastos da pandemia do novo coronavírus nas suas contas.

Mas também quem gostaria de investir numa actividade mais barulhenta do que propriamente competitiva? Dominada por empresas públicas que preferem investir em alguns clubes e nunca na organização da competição?
Vai daí que, de acordo com as projeções, a dívida acumulada da LMF na praça deverá atingir o número redondo de 100 milhões até ao fim de 2021.
Uma dívida maior do que o orçamento da prova!
Em 2022, a dívida da LMF pela organização do Moçambola será seguramente maior do que o orçamento para a realização da prova do respectivo ano, com 14 clubes: 100 milhões de meticais de dívida contra 89 milhões para pôr a bola a rolar.
A actual dívida da LMF pela organização do Moçambola é de 79.5 milhões de meticais!
E foi mesmo para evitar que no fim do exercício económico de 2022 a dívida seja ainda maior do que o orçamento da prova que a FMF e a LMF concordaram, diante da SED, com a redução do número de participantes no Moçambola. De 14 clubes para 12.

É que o Moçambola com 12 participantes permitiria uma redução significativa do défice, dos actuais 28 milhões de meticais para cerca de 18 milhões, este último que seria coberto na totalidade a partir de 2022, conforme ficou pactado, com a entrada em vigor de um novo modelo de financiamento da prova máxima.
Ou seja, a partir de 2022 e, com 12 clubes, seria nula a contribuição do Moçambola na eterna dívida da LMF, que no mesmo ano rondará os cerca de 100 milhões de meticais. OC