Em defesa institucional, a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) sacudiu finalmente as paredes do silêncio para afirmar que toda a aplicação do Fundo Solidário, orçado em um milhão de dólares norte-americanos, foi anuída pela FIFA. Aos clubes, Jorge Bambo explicou que as dívidas são da federação e não de elencos, que por isso devem ser pagas.
Por: David nHASSENGO
A resposta veio do vice-presidente da FMF para a Área de Administração e Finanças, Jorge Bambo, que falava esta quarta-feira, 02 de Setembro, no encontro mantido entre a Secretaria de Estado do Desporto (SED), clubes do Moçambola, Liga Moçambicana de Futebol e a própria federação.
Bambo confirmou que a federação já recebeu 500 mil dólares norte-americanos, que na verdade constituem a primeira tranche do Fundo Solidário a que a Casa de Futebol tem direito da FIFA.

“E a nossa prioridade, com o valor já alocado, é de distribuir todo ele pelos clubes, na expectativa de que teremos de saber justificar a aplicação do mesmo, por forma a que possamos receber o fundo remanescente em Janeiro do próximo ano”, disse.
O problema maior são afinal as dívidas!
Tocando no ponto que está a criar celeuma nos clubes, Jorge Bambo reiterou que os restantes 500 mil dólares só chegarão em Janeiro do próximo ano e…Mediante a justificação da aplicação da primeira tranche, a que será já canalizada aos clubes.
Aliás, a fonte explicou que 485.714 dólares serão realmente aplicados na amortização das dívidas institucionais da federação, que é igualmente uma prioridade da FMF. Para Bambo, esta rubrica encontra cobertura no regulamento da FIFA.
Mais do que isso, Bambo desvendou que toda a aplicação feita pela FMF, deste Fundo Solidário de um milhão de dólares norte-americanos, foi anuída por aquela entidade internacional.

“A FIFA mandou-nos um regulamento e nós estudamos antes de decidir o que iriamos fazer com o valor. E mesmo antes de definir a distribuição, nós consultamos a FIFA sobre o que pretendíamos fazer e fomos autorizados a direcionar o fundo para onde direcionamos, desde que saibamos, no fim, justificar cada centavo”, disse.
Repetidamente, como que a desenhar numa parede branca, Bambo sublinhou: “Antes fizemos uma consulta à FIFA e fomos autorizados a alocar 34.500.000 meticais para pagamento das dívidas. Portanto, fomos autorizados pela FIFA”.
Detalhista, aquele quadro da Casa do Futebol esclareceu que não é possível a federação tirar dinheiro da FIFA e aplicá-lo numa rubrica que não esteja dentro do que aquela instituição internacional pré-estabeleceu.
“A aplicar o valor fora do que foi estabelecido, a federação ficaria privada de receber mais fundos da FIFA e, mais do que isso, seríamos penalizados, em prejuízo do próprio futebol nacional. A FIFA faz auditorias de cada centavo que ela canalizou às federações”, assinalou.
As dívidas são institucionais e não de elencos
É entendimento dos clubes não fazer sentido que a federação aplique perto de 50% do fundo solidário para pagamento de dívidas deixadas pelo elenco anterior, nomeadamente da equipa que foi liderada por Alberto Simango Júnior.
Em resposta, Jorge Bambo explicou que é importante “que se compreenda, de uma vez por todas, que as dívidas que a federação tem são institucionais”.

“Estaríamos a dar tiros no próprio pé se disséssemos que quem fez a dívida é quem deve pagar. A dívida é da federação e não de elencos”, fundamentou, insistente na ideia de que “o elenco anterior deixou dívidas. Mas essas dívidas são da federação e devem ser pagas”, finalizou.
Refira-se que Jorge Bambo falava esta quarta-feira, 02 de Setembro, durante o encontro que a SED manteve com os 14 clubes do Moçambola, LMF e FMF. OC